terça-feira, 2 de junho de 2009

O DESAFIO DE EDUCAR E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO.

O DESAFIO DE EDUCAR E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO.

Joana Gláucia dos Santos
Resumo:
O presente texto trata-se de uma reflexão a respeito do desafio de educar numa perspectiva das novas tecnologias da educação, informação e da comunicação partindo do pressuposto de que é urgente uma mudança estrutural no sentido de se ver o processo ensino aprendizagem. Vários acontecimentos marcaram a evolução do homem: a descoberta do fogo, do ferro, da escrita, da roda e, agora, da tecnologia e da informática. Neste ensaio tem-se o desejo de analisar o papel do cidadão no século XXI partindo da evolução da sociedade, mais especificamente da tecnologia e da informática, pois o homem busca e desenvolvimento do mundo transformando o presente e o futuro. Percebe-se neste artigo que o desafio de educar numa perspectiva das novas tecnologias da informação e da comunicação passa primeiro pela mudança de atitude dos profissionais da educação, um repensar o perfil do professor, das metodologias de ensino e pela reformulação curricular que envolva mais o educando no contexto do conhecimento. A tarefa do educador consiste em ajudar o educando a encontrar, por si mesmo, a solução dos seus problemas.

Palavras-Chave: Desafio de educar; Novas Tecnologias; Informação e Comunicação.

1- Introdução

O presente texto trata-se de uma reflexão a respeito do desafio de educar numa perspectiva das novas tecnologias da educação, informação e da comunicação partindo do pressuposto de que é urgente uma mudança estrutural no sentido de se ver o processo ensino aprendizagem.
A escola tem que se adaptar à nova realidade exigida pela sociedade. Refletir sobre outros conceitos que até então nunca foram observados antes e quando foram não tiveram devido atenção como é o caso de valorizar o conhecimento prévio dos alunos, os saberes dos professores, a valorização profissional como um dos objetivos prioritários da educação, a formação inicial e continuada do profissional e tantos outros.
O desafio de educar numa perspectiva de sociedade moderna, plural passa por essas características que devem ser preocupação da elite pensante e das forças políticas que têm em suas mãos o poder de decidir como será a educação no país.
1. Joana Gláucia dos Santos é licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará, Especialista em: Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília, Bioética pela Universidade de Brasília, Educação a Distancia pela Universidade de Brasília, Planejamento Educacional e Orientação Educacional. Professora universitária desde 1992. Atualmente leciona no Centro de Ensino Superior do Brasil e Universidade Estadual de Goiás
2- As novas tecnologias da informação e da comunicação.

O homem sempre evoluiu e se desenvolveu para superar suas necessidades e dificuldades e, com isso, encontrar um modo de vida que facilitasse sua rotina. Vários acontecimentos marcaram a evolução do homem: a descoberta do fogo, do ferro, da escrita, da roda e, agora, da tecnologia e da informática.
Neste ensaio tem-se o desejo de analisar o papel do cidadão no século XXI partindo da evolução da sociedade, mais especificamente da tecnologia e da informática, pois o homem busca e desenvolvimento do mundo transformando o presente e o futuro.
Souza (2003, p. 51) afirma que:

Por isso, acredita-se em um movimento gerado, não forçosamente, no qual não há a substituição drástica do antigo pelo novo, mas sim, na existência de um espaço onde ambos se harmonizam, coexistem. As tecnologias se sucedem uma a uma e o novo de hoje é fruto de um “amadurecimento”, de uma evolução que se desenvolve progressivamente. Há um processo evolutivo das sociedades humanas, o novo de hoje é o avançado do ontem e o ultrapassado do amanhã. Dessa forma, o modo de vida das pessoas vai sendo modificado gradativamente.

Essas mudanças são inevitáveis e não podem ser ignoradas. O homem do século XXI precisa repensar seu papel e passar a escrever com mais firmeza e consciência sua história. Tem que ser mais dinâmico, deliberativo, crítico e livre para construir um mundo novo. A informática avança significativamente e com velocidade progressiva, como nunca em outras tecnologias foram observadas. O cidadão deve estar preparado para esses avanços caso contrário ficará à margem tanto da sociedade como do mercado de trabalho.
Hobsbawn (1997) apud Souza (2003, p. 52) apresenta a consideração seguinte: “(...) a ciência, hoje, de fato altera o cotidiano das pessoas. Coloca-se na forma de tecnologia em todos os espaços, transformando o ritmo da produção histórica da existência humana”.
A ciência avança impetuosamente em todas as direções principalmente na informática. É muito difícil para o homem comum acompanhar as invenções tecnológicas. No instante em que a pessoa se aproxima do conhecimento no mesmo momento este já está sendo substituído por um novo. O estudioso da ciência da computação é um sujeito que está o tempo todo em busca de novidades. Para profissional de outra área ou uma pessoa comum não pode se dedicar por inteiro a essa busca.
As novas tecnologias provocam mudanças no dia a dia das pessoas. E, com isso, cria-se uma nova dimensão cultural nas inter-relações no planeta inteiro, provocando, portanto, um repensar na organização da sociedade num redimensionamento das relações das pessoas, apontando a necessidade de se criar políticas públicas para atender o cidadão que tem mais oportunidade garantindo-lhe, pelo menos condições de lutar pela sobrevivência neste mundo que não foi planejado para ele. Santos & Moraes (2003, p. 11) fazem a seguinte afirmação:

A educação tem um papel crucial na chamada ‘sociedade tecnológica’ pois é um dos meios pelos quais os indivíduos serão capazes de compreender e de se situar na contemporaneidade, como cidadãos partícipes e responsáveis. E as novas tecnologias devem ser compreendidas e utilizadas como elementos mediadores para a superação da opressão na sociedade. Geralmente, as discussões em torno das novas tecnologias, de sua influencia na sociedade, do seu potencial e das suas possibilidades de interatividade, se apóiam sobre uma certa exaltação deste tema, atribuindo-lhe praticamente o estatuto do novo paradigma fundamental, a panacéia que irá regular as interações sociais, culturais, éticas e profissionais numa nova sociedade que urge em tomar forma.

A educação a distância pode ser uma saída para que esse homem encontre nas novas tecnologias e na informática um meio de lutar Por sua vida com dignidade e um pouco mais de oportunidade. Conforme Souza (2003, p. 53),

Podemos afirmar que estamos vivendo uma “era digital”, na qual transações comerciais são realizadas, pesquisas são disponibilizadas e discutidas. Grandes volumes de dados são transmitidos, transferidos de lugares distantes em questão de minutos, transformando o planeta numa imensa teia global de redes de comunicação das mais diversas.

Não se pode negar a urgência do conhecimento dessa era. o homem tem que estar preparado par o novo. Através de uma máquina, hoje, diversas operações são registradas de forma que a pessoa não mais precisa sair de casa para fazer compras no supermercado, na farmácia ou em qualquer outro lugar. A pessoa pode também fazer transações bancárias em qualquer computador sem que para isso precise sair de casa ou do trabalho. Até encontrar pessoas desconhecidas, marcar encontros com amigos, falar com parentes do outro lado do mundo. É esta a sociedade atual.
Não é mais possível educar sem levar em conta a transformação da sociedade pelas mudanças das tecnológicas da informação e da comunicação. Gatti apud Souza (2003, p. 56) apresenta algumas considerações a esse respeito:

Sempre que uma inovação surge no horizonte dos educadores, observa-se, em alguns, deslumbramento em função das possibilidades aventadas Por essas inovações e, em outros, ceticismo crônico provocado quer pela decepção que professores, diretores e técnicos em Educação vêm acumulando com asa políticas e propostas de inovações educacionais mal-implementadas ou descontinuadas pelos sucessivos governos, quer pela acomodação natural que temos a nossas funções e pelo incômodo que inovações podem provocar, na medida em que estas exigem alterações.

Enquanto não se levar em conta as mudanças na educação através das transformações tecnológicas continuará acontecendo esse malfadado desgosto pela escola e pela falta de desejo de aprender. É preciso travar uma batalha de discussões e debates sobre a função da escola, o papel do professor e o perfil do aluno que se deseja formar. Só assim, é possível definir uma política de qualidade e de igualdade de oportunidades para a maioria da população.
Souza (2003, p. 57) afirma que:
O professor era o indivíduo que detinha grande parte desses saberes, uma pessoa que desempenhava um papel importante na comunidade: fonte de referência dos conceitos e das noções em diversas áreas do conhecimento. Porém, tudo isso mudou, há muito que o saber se acumula, cresce e fermenta, se altera e se estraga, funde e bifurca em uma grande rede mista, impura, fervente que parece pensar por conta própria. Com o volume de informações circulando presentemente, ninguém consegue ser detentor do saber, há de se refletir sobre esta realidade flutuante.

As crianças chegam as escolas muitas vezes com conhecimentos em tecnologias da informação e da comunicação muito maior que o professor. Este por sua, não pode ficar passivo ignorando os conhecimentos dos alunos, deve, portanto, usar esse como artifício motivador da busca por informações e conhecimentos nessa área. E aproveitar o que os seus alunos já sabem transformando-os em parceiros e, com isso, melhorar suas práticas educativas.
Lévy apud Souza (2003, p. 58) afirma que:

A educação escolar precisa de uma nova perspectiva, mas esta não se reduz apenas à utilização de novas tecnologias. A midiatização do processo pedagógico garante meios, instrumentos versáteis e importantes, porém, por si só não muda a essência da ação pedagógica. A utilização de novas tecnologias pode se reduzir apenas à mudança na forma. A tecnologia não contém a verdade, não é algo incontestável (...) A educação tem Por função a comunicação e a tecnologia é uma ferramenta básica.

O educador comprometido com sua profissão busca nas ferramentas: televisão, computador internet, celular, e outro, adaptar o conhecimento que considera necessário para que o aluno aprenda, por exemplo, informações que o aluno traz consigo, para dentro da escola. Com isso, o educador conquistará seu aluno e o terá como parceiro na construção do saber.
Morín apud Souza (2003:55) salienta que:

As pesquisas, as viagens espaciais, a genética, a medicina, enfim, os campos mais diversos da ciência estão palmilhados pela presença da tecnologia informático-mediática. São serviços que para obterem um resultado profícuo, necessitam desta. As previsões meteorológicas estariam seriamente comprometidas se não fosse a presença de supercomputadores. Essa é uma das áreas que mais os utiliza atualmente. O computador, assim, se faz presente na produção e difusão de todas as formas de conhecimentos da humanidade vigente, sua freqüência é quase obrigatória.

Como Morín afirma acima é preciso se pensar em mudanças e hábitos educacionais e o professor deve estar preparado para isso, como diz Gatti apud Souza (2003, p. 62),
(...) o computador deve ser utilizado como um catalizador de uma mudança do paradigma educacional. Um novo paradigma que promove a aprendizagem ao invés do ensino, que coloca o controle do processo de aprendizagem nas mãos do aprendiz, e o que auxilia o professor a entender que a educação não é somente a transferência de conhecimento, mas um processo de construção do conhecimento pelo aluno, como produto do seu próprio engajamento intelectual ou do aluno como um todo.

No Plano Nacional de Educação –PNE a melhoria da qualidade de ensino só poderá ser alcançada se for promovida a valorização do magistério que implica na formação profissional inicial, nas condições adequadas de trabalho, melhoria salarial e carreira e formação continuada.
Entende-se que o conhecimento com as modernas tecnologias da comunicação e da informação e o comprometimento dos profissionais com a educação são ingredientes necessários para uma educação de qualidade e de maiores oportunidades.

3- Desafio de educar na sociedade da tecnologia da informação e da comunicação.

Com a Lei 9394/96 as políticas públicas nacionais estão voltadas para mudanças educacionais procurando oferecer auxílio teórico, metodológico e pedagógico para que os professores possam aplicar em suas práticas cotidianas e, ainda, usufruir de recursos advindos da indústria tecnológica, científica e cultural.
Para que isso pudesse acontecer era preciso fomentar no professor uma postura de pesquisador, sujeito crítico e criativo no sentido de lidar com as diversidades dos alunos, dos colegas e do próprio conhecimento e, ainda, com as dificuldades do cotidiano escolar e das exigências da sociedade.
O desafio de educar na atual sociedade prescinde do debate da qualidade do ensino mediante as novas tecnologias. O que se dizia no final da década de 80 era que com o uso do computador a leitura e a escrita seriam dispensadas e, ainda, a figura do professor se tornaria obsoleta. Entretanto, não é o que vem sendo demonstrado com as mudanças tecnológicas, pelo contrário, a leitura e a escrita são cada vez mais exigidas na era da informação tecnológica.
É preciso, também, para sobreviver nesta nova era, além de dominar seu próprio idioma, saber outra língua, manipular o computador, ter um raciocínio lógico desenvolvido, o sujeito deve ter atitude, persistência, autonomia e outros adjetivos que fazem do homem um sujeito ativo e crítico. Nesta nova era a figura do professor deve ser repensada, o mesmo não pode mais ser visto como um mero reprodutor de conteúdos, mas um incentivador e estimulador da aprendizagem de seus alunos. E, com isso, juntos alunos e professores possam aprender e construir novo saber.
Oliveira & Cardoso (1998, p. 12) afirmam que:

A sensibilidade é uma característica imprescindível a nós, professores. É com ela que tentamos conhecer melhor nossos alunos para atuarmos como educadores. É com essa mesma sensibilidade que tentamos adequar, ao máximo, o nosso planejamento à nossa turma, às suas necessidades e aos seus desejos. Essa sensibilidade, então, vai permitir maior exatidão no nosso trabalho. Vai nos permitir perceber o que está diante de nós e que, muitas vezes, não vemos.

Assim como a sensibilidade a curiosidade, também, é o princípio do conhecimento. E, através dela que se busca desvelar o objeto desconhecido. Portanto, para se obter conhecimento não se pode ignorar os conflitos e não se deve evitar confronto com o novo. Pois, é através do diálogo, debate, da reflexão, da autonomia e da participação do processo educativo que o conhecimento emerge no processo educativo. (FREIRE, 1987).
Este se dá em dois momentos: o adquirido ao longo da vida, através dos hábitos, das experiências, da cultura e o adquirido através da curiosidade ou no ato de desvelar o objeto que se deseja conhecer. Este último acontece quando o homem utiliza sua condição de criar para descortinar a verdade, produzindo novos conhecimentos, é capaz de refletir sobre essa descoberta e agir conscientemente para transformar sua condição histórica.
O conhecimento se dá no diálogo, no respeito ao outro como ser existente, inacabado, mas em busca da plenitude. Freire (1987, p. 81) afirma:

A fé nos homens é um dado a priori do diálogo. Por isto, existe antes mesmo de que ele se instale. O homem dialógico tem fé nos homens antes de encontrar-se frente a frente com eles. Esta, contudo, não é uma ingênua fé. O homem dialógico, que é crítico, sabe que, se o poder de fazer, de criar, de transformar, é um poder dos homens, sabe também que podem eles, em situação concreta, alienados, ter este poder prejudicado. Esta possibilidade, porém, em lugar de matar no homem dialógico a sua fé nos homens, aparece a ele, pelo contrário, como um desafio ao qual tem de responder (...).

Uma educação que não tem como fundamento o diálogo está fadada ao fracasso. Pois, não se aprende na imposição, na estranheza, mas sim, na relação com o outro, consigo mesmo, no respeito à liberdade e à autonomia de si e do outro e reflexão da práxis como mecanismo de melhoramento do objeto a ser aprendido. O conceito de práxis aqui é fundado na definição de Freire (1987, p. 38) “ A práxis, porém, é a reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Sem ela, é impossível a superação da contradição opressor-oprimido”.
Respeitar o outro não significa deixá-lo a vontade com sua ignorância, mas provocar nele a curiosidade do saber. Desafiá-lo a buscar o novo, a pensar sobre sua ação, a agir conforme sua consciência. Por isso, o educador tem no diálogo um catalisador da libertação do homem. Pois, só com liberdade o mesmo será capaz de transformar a sua existência.
O diálogo é caminho para um mundo mais humano, no qual se percebe a miscigenação das idéias. No entanto como diz Freire (1987) o diálogo não se dá na fala dos oponentes e daí sente-se a necessidade de se expressar a concepção do educador que dialoga para se perceber sujeito dialogal. É na relação dialógica que será possível viver harmoniosamente na sociedade pós-moderna.
As novas tecnologias são elementos essenciais para a educação moderna. Já que esta geração tem uma relação de intimidade com esse novo meio de informação e comunicação, daí, portanto, o educador deve aprender a manipular as novas tecnologias para desenvolver melhor o processo ensino-aprendizagem, caso contrário a escola fica alijada desse processo, pois, a sociedade através dos meios de comunicação de massa, especialmente, a televisão e os meios tecnológicos como a internet, apresenta o mundo global, plural e diversificado que a escola insiste em ocultar.
Os alunos, por sua vez têm sede em conhecer este mundo velado pelo manto da ignorância da escola. Assunto que abalam o mundo e que chegam de forma indireta na escola é, por conseguinte, abortado, pois não se tem professores preparados para discutir temas que não estejam na pauta do dia. Isto é prova de que se necessita abrir espaços para a formação continuada, para políticas públicas educacionais voltadas para a formação ética/bioética. Deve-se investir mais no professor, na escola, só assim, haverá possibilidades de se ter uma escola voltada para a realidade do aluno.
É importante que nos cursos de formação de professores haja esse cuidado. Investir na formação para que ele tenha compromisso de construir seu conhecimento, refletir sobre seu cotidiano e mudar suas práticas.
Com criatividade e compromisso o professor pode, com todas as dificuldades, mobilizar recursos que trabalhem as diferenças culturais, a diversidade e, principalmente a formação ética perdida ao longo dos tempos. A própria informação dada pela televisão é um excelente recurso que favorece a discussão de diversas áreas do conhecimento e educação, se o professor souber usá-lo.
A escola, todavia, não está preparada para utilizar esses meios que na maioria das vezes só dependem da criatividade, do grau de conscientização e do compromisso do professor. Percebe-se sistematicamente o despreparo da escola em lidar com essas novas informações. O currículo deveria acompanhar a rapidez de informação e mobilização das informações do novo mundo.
Quando se fala que a escola deveria estar preparada para lidar com as novas tecnologias não se quer dizer que a mesma tem que utilizar meios como: televisão, vídeo, CD, computador, rádio , isto é importante no entanto, o que importa mesmo é analisar informações veiculadas por estes meios, pois, a grande maioria das famílias brasileiras têm televisão em sua casa. Por ser o maior e o mais popular meio de informação deveria ser bastante explorado pela escola como mecanismo de educação.
Quando a escola se omite dessa responsabilidade, a televisão, por conseqüência, apresenta sua programação sem ter nenhum critério nem compromisso com a formação da pessoa humana. Seu compromisso é com o entretenimento, embora, isso seja uma fonte que se contrapõe aos interesses dos valores humanos.
A escola tem que criar mecanismo para lidar e concorrer com a televisão. Pois esta leva a alegria, a ilusão, o sonho para as pessoas enquanto que a escola lida com a informação de forma carrancuda, mal humorada e, com isso, perde espaço para televisão que é mais estimulante.
Escola deve se preocupar menos com os conteúdos programáticos e com o aulismo e se abrir às novidades que se apresentam dia após dia valorizando o conhecimento como construção da vida humana.
O currículo flexível é um espaço que se abre às discussões das questões emergentes que surgem no seio da sociedade e que a escola deve mobilizar essa discussão como instrumento de educação utilizando a pesquisa como parceira.
Percebe-se neste ensaio que o desafio de educar numa perspectiva das novas tecnologias da informação e da comunicação passa primeiro pela mudança de atitude dos profissionais da educação, um repensar o perfil do professor, das metodologias de ensino e pela reformulação curricular que envolva mais o educando no contexto do conhecimento. E, para isso, refletir sobre as modalidades de ensino que venham ao encontro das exigências sociais, como é o caso da educação a distância.

4- Considerações Finais.

O processo educacional envolve as figuras do educador e do educando e cada uma tem sua importância peculiar. O educador é um estimulador do desenvolvimento das potencialidades do educando, ou seja, tem em suas mãos a formação deste ser. Segundo Freire, o educador enquanto educa o educando é também educado, ou seja, o educador aprende igualmente, em ritmo interativo. A tarefa do educador consiste em ajudar o educando a encontrar, por si mesmo, a solução dos seus problemas. O educando deve ser conscientizado de que é ímpar saber que liberdade traz consigo a responsabilidade de suas ações, já que todo ato, todo gesto gera conseqüências. E não se pode transferir para o outro a responsabilidade de quem lhe é exclusiva.
O educando, enfim, deve assumir seu papel no mundo, comandando seu próprio processo educacional, já que lhe cabe concluir sua própria criação, com era digital essa exigência torna-se cristalina. É necessário voltar-se para seu comportamento, analisando, criticando, julgando e escolhendo suas ações. Desta forma, o mundo interior de cada um será modificado. No entanto, ao conhecer-se e se tornar um ser melhor, terá também condições de ajudar o outro se modificar, a se tornar melhor.
O auto-conhecimento é o caminho para o progresso individual, e este, por sua vez, é o principio básico do melhoramento coletivo. O educador, nos dias atuais, deve primar pela educação do espírito, já que o corpo e a vida social tornaram-se tão desgastados com os avanços da economia que refletiram na educação para a supremacia.
A educação é um processo de valoração da consciência do professor e é a partir dela que o mesmo reflete sobre suas idéias e teorias educativas. O professor deve ter claro um mecanismo para refletir seu papel como formador de opinião, de pessoas, de consciência e, com isso, definir que tipo de homem quer formar, para qual sociedade irá formar e que educador quer ser. Partindo disso, o professor externaliza o seu verdadeiro sentido de educar.
A realidade tecnológica insere o sujeito na relação homem-natureza e, portanto, exige-se mais responsabilidades em suas relações, já que a natureza está sob o poder do homem. E este interfere não somente para garantir sua sobrevivência como também, no patrimônio genético, nas relações interpessoais e de poder. É por isso que urgente se pensar em novas concepções de educação na perspectiva da realidade da tecnologia da informação e da comunicação.

Referências Bibliográficas

CÂMARA DOS DEPUTADOS: Comissão de Educação, Cultura e Desporto. Plano Nacional de Educação. Brasília, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17.ed., Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1983.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança . 17. ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
SANTOS, Gilberto Lacerda & Moraes Raquel de Almeida. A Educação na Sociedade Tecnológica. IN: SANTOS, Gilberto Lacerda (org.). Tecnologias na Educação e Formação de Professores. Brasíla: Plano, 2003.
SOUZA, Carlos Henrique Medeiros de. Comunicação, Educação e Novas Tecnologias. Campos dos Goytacazes/RJ: FAFIC, 2003.

Um comentário:

  1. É fundamental que o docente esteja sempre atualizado, pois como Paulo Freire "“ A práxis, porém, é a reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Sem ela, é impossível a superação da contradição opressor-oprimido”. Pois essa superação desafios frente as novas tecnologias, não só torna o processo ensino-aprendizagem, mas a relação docente(professor) e discente(aluno), que esse último fala essa linguagem virtual. Nós temos que nos aproximar do nosso aluno não só por meras relações didaticas, mas como meio de aprender juntos.

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