quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A concepção de currículo e a implicação musical no desempenho de alunos após adentrarem no mundo da arte musical.

Adriana Sousa da Silva Coutinho¹
Eliane de Sousa Galvão²
Orientadas por Joana Glaucia dos Santos³


Resumo: O currículo, na escola, é visto como um conjunto de decisões educativas que deve contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagem com o objetivo de integrar o ser humano em sua totalidade. A música está presente no cotidiano das pessoas, desde o nascimento, e cabe a escola criar mecanismos para melhor trabalhar com esta arte de modo a contribuir para o processo ensino/aprendizagem melhorando o desempenho dos alunos.


Palavras-chave: Arte musical, currículo, desempenho, aluno.

1- Introdução

O presente artigo “A concepção de currículo e a implicação musical no desempenho de alunos após adentrarem no mundo da arte musical”, apresenta um estudo bibliográfico e sua importância na educação das séries iniciais do Ensino Fundamental.
Tem como objetivo analisar a concepção do currículo e apresentar a contribuição da arte musical e sua influência no processo e na formação de hábitos e atitudes na educação destes alunos.

Este estudo surgiu da necessidade de conhecer o trabalho da arte musical no currículo das séries iniciais e como este conteúdo pode contribuir para a diminuição da evasão escolar e da repetência, além de poder ser utilizado, pelos professores, no processo ensino/aprendizagem.
Por isso torna-se importante, pois destaca a necessidade da utilização da música, na educação, como um estímulo para a aprendizagem, como socialização dos alunos, melhorando a sensibilidade, concentração e o raciocínio destes alunos.
O estudo está dividido em tópicos, onde será destacada a concepção de currículo, o desenvolvimento da arte musical, a linguagem musical e a educação infantil, a música como auxiliar no currículo escolar, os objetivos da música, e a música e a melhora no rendimento escolar.

2. A Concepção de Currículo na Educação
A origem da palavra “currículo” é currere (latim) que significa carreira. Conforme Gimeno Sacristan, pag.125 1998, “A escolaridade é um percurso para alunos/as e o currículo é seu recheio, seu conteúdo, o guia de seu processo pela escolaridade”.
O currículo é o conjunto das decisões educativas para uma escola e está ligado ao programa escolar, por isso é importante estar ciente dos problemas educativos. Este importante instrumento escolar pode ser manifestado a qualquer instante, dependendo da situação.
Segundo Coll (1987), o currículo deve ser constituído pelos seguintes elementos: Informações sobre o que ensinar- definir os conteúdos e objetivos;
Informações sobre o quando ensinar, ordenar e seqüenciar os conteúdos e objetivos; Informações sobre como ensinar- estruturar as atividades e estratégias pedagógicas para atingir os objetivos definidos; Informações sobre o que, quando e como avaliar- verificar se os objetivos foram atingidos e introduzir, quando necessárias correções ao processo. O currículo deve ser visto como elemento central do processo da educação institucionalizada. Não deve haver distância entre a realidade vivida pelos alunos e os seus conteúdos.

3. Conceituando Música e educação
A palavra música vem do grego- musiké téckne, a arte das musas. Significa a arte de combinar os sons e silêncio, mas precisamente, a arte de produzir efeitos estéticos através de fenômenos acústicos.
É considerada como uma prática cultural e humana. Não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias.
A música expandiu-se ao longo dos anos, e atualmente se encontra em diversas utilidades, não só como arte, mas também é utilizada na área militar, educacional ou terapêutica, no caso da musicoterapia. Apresenta-se também em diversas atividades coletivas como os rituais religiosos, festas e funerais.
Conforme Faria (2001, p. 24), “A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação”.
A música e a educação devem andar de mãos dadas. A escola, enquanto espaço institucional para transmissão de conhecimentos socialmente construídos, pode se ocupar em promover a aproximação das crianças com outras propriedades da música que não aquelas reconhecidas por elas na sua relação espontânea com a mesma. A música na vida do ser humano é tão importante como real e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem estar das pessoas. No contexto escolar a música poderá ampliar e facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida.
Ducorneau (1984), o primeiro passo para que a criança aprenda escutar bem consiste em permitir que ela faça experiências sonoras com as qualidades do som como o timbre, a altura e a intensidade, depois disso, estará em posição de escuta.
A música não deve ser esquecida nas escolas, pois ela propicia um aprendizado global, emotivo com o mundo auxiliando significativamente na aprendizagem.

3.1- Conceito de Educação

A palavra educação vem do latim “educere”, que significa extrair, tirar, desenvolver. Consiste, essencialmente, na formação do homem de caráter. Não pode ser confundida com o simples desenvolvimento ou crescimento dos seres vivos,nem com a mera adaptação do indivíduo ao meio. É atividade criadora, cujo propósito é levar o indivíduo a realizar as suas potencialidades físicas,morais, espirituais e intelectuais. É um processo contínuo, que começa nas origens do ser humano e se estende até a morte. É um trabalho feito de forma intencional pelo educador, dirigida ao educando de forma motivadora, tornado-o adaptável ao meio físico e social, ou seja, educar é guiar o homem no desenvolvimento dinâmico, no curso do qual se constituirá como pessoa humana, dotada das armas do conhecimento, do poder de julgar e das virtudes morais.
Analisando a conceituação acima exposta chega-se à conclusão de que a educação tem como finalidade o desenvolvimento integral da personalidade do educando, tendo em vista sua integração e participação efetiva na sociedade, visando o progresso do mesmo.

4. O desenvolvimento da arte musical: do século VI aos dias de hoje

A música tomou parte importante na história antiga, egípcios, chineses, hindus, etc. todos estes povos tiveram seus instrumentos musicais próprios e fizeram uso abundante da música na vida diária.
Sabe-se pouco sobre a antiga técnica da execução da escrita musical e do verdadeiro nível artístico. De acordo com Faustini (1973), a preservação da arte musical só aconteceu depois do início da era Cristã, quando todas as artes passaram a ficar a serviço da Igreja. No século VI e XII descobriu-se um magnífico tipo de música sacra que chamamos hoje de “cantochão, canto plano gregoriano ou ambrosiano”. Ainda segundo este autor, somente a partir do século XIX é que os Monges Beneditinos, na França, descobriram a verdadeira maneira de executar os cantos gregorianos, que até então eram considerados enigmas musicais.
No início do século XX apareceram os métodos ativos de Decroly, que evidencia a importância do meio ambiente para o desenvolvimento da criança. O meio estimula a libertação dos interesses. A inter-relação entre a criança e o meio resulta diversos interesses ligados à necessidade de se nutrir, abrigar, proteger e defender dos perigos, necessidade de agir, de se recriar e aperfeiçoar. Assim sendo, o interesse condiciona a adaptação da criança ao meio físico e humano.
Os centros de interesse, segundo reportagem na Revista Nova Escola (2004), são um processo de ensino que consiste em agrupar à volta de um mesmo tema que interesse à criança, um conjunto de noções a aprender e de hábitos a adquirir, que neste caso poderá ser o interesse pela música. A técnica musical concentra-se na aquisição de conhecimentos, mas serve também para a formação moral. Um interesse, segundo Decroly, proporciona à criança ocasiões de observar, de associar idéias e de exprimi-las.
A Escola deve constituir um meio natural, um “quadro vivo” para preparar a criança para a vida real. Decroly preocupou-se com as grandes funções psicológicas: observação, associação, expressão, a preferência pelos métodos intuitivos, ativo e construtivo e o emprego de jogos educativos, Revista Nova Escola (2004).
As novas idéias e teorias, métodos e técnicas, de Decroly marcaram a evolução da escola em três pontos essenciais: a criança como pessoa digna de respeito e atenção; o professor criador de ambiente propício à auto-atividade, auto-educação à globalização, realismo, originalidade e criatividade; e o dever ao interesse do aluno crescer livremente e realizar-se em plenitude.
Decroly exigiu uma escola “pela vida, para a vida” onde enquadra a criança no seu meio natural, tenta corresponder às exigências da vida, individual e social aproximando a escola da sociedade.
Poucos nomes da história da educação são tão difundidos fora dos círculos de especialistas como Montessori. Ele é associado, com razão, à Educação Infantil, ainda que não sejam muitos os que conhecem profundamente esse método ou sua fundadora, a italiana Maria Montessori. Primeira mulher a se formar em medicina em seu país foi também pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento. “Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições”, diz Talita de Oliveira Almeida, presidente da Associação Brasileira de Educação Montessoriana.
Dessa forma Nova Escola (2008), a individualidade, a atividade e a liberdade do aluno são as bases da teoria de Montessori, com ênfase para o conceito de indivíduo como, sujeito e objeto do ensino. Ela defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma “educação para a vida”. A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender – conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos. Não foi por acaso que as escolas que fundou se chamavam Casa dei Bambini (Casa das crianças), evidenciando a prevalência do aluno. Foi nessas “casas” que ela explorou duas de suas idéias principais: a educação pelos sentidos e a educação pelo movimento.
Por isso, para a Nova Escola (2008), o principal legado da italiana Maria Montessori foi afirmar que as crianças trazem dentro de si o potencial criador que permite que elas mesmas conduzam o aprendizado e encontrem um lugar no mundo. É o que Montessori chamou de “ajude-me a agir por mim mesmo”. Outro aspecto fundamental da teoria montessoriana é deslocar o enfoque educacional do conteúdo para a forma do pensamento. As críticas mais comuns ao montessorianismo referem-se ao enfoque individualista e ao excesso de materiais e procedimentos construídos dentro da escola – o que dificultaria a adaptação dos alunos a outros sistemas de ensino e ao “mundo real”. Os montessorianos argumentam que, ao contrário, o método se volta para a vida em comunidade e enfatiza a cooperação.
Formado no campo da psicologia e da neurologia, o cientista norte-americano Howard Gardner causou forte impacto na área educacional com sua teoria das inteligências múltiplas, divulgada no início da década de 1980. A Revista Nova Escola (2008) exemplifica que seu interesse pelos processos de aprendizado já estava presente nos primeiros estudos de pós-graduação, quando pesquisou as descobertas do suíço Jean Piaget. Por outro lado, a dedicação à música e às artes, que começou na infância, o levou a supor que as noções consagradas a respeito das aptidões intelectuais humanas eram parciais e insuficientes.
Em Nova Escola (2008) vamos encontrar o seguinte esclarecimento, Gardner se valeu do mapeamento encefálico mediante técnicas surgidas nas décadas recentes. Suas conclusões, como a maioria das que se referem ao funcionamento do cérebro, são eminentemente empíricas. Ele concluiu, a princípio, que há sete tipos de inteligência: Lógico-matemática que é a capacidade de realizar operações numéricas e de fazer deduções. Lingüística é a habilidade de aprender idiomas e de usar a fala e a escrita para atingir objetivos. Espacial é a disposição para reconhecer e manipular situações que envolvam apreensões visuais. Físico-cinestésica é o potencial para usar o corpo com o fim de resolver problemas ou fabricar produtos. Interpessoal é a capacidade de entender as intenções e os desejos dos outros e conseqüentemente de se relacionar bem em sociedade. Intrapessoal é a inclinação para se conhecer e usar o entendimento de si mesmo para alcançar certos fins. E a Musical que é a aptidão para tocar, apreciar e compor padrões musicais.
O que leva as pessoas a desenvolver capacidades inatas são a educação que recebem e as oportunidades que encontram. Na visão de Gardner (1996), cada indivíduo nasce com um vasto potencial de talentos ainda não moldado pela cultura, o que só começa a ocorrer por volta dos 5 anos. Segundo ele, a educação costuma errar ao não levar em conta os vários potenciais de cada um. Além disso, é comum que essas aptidões sejam sufocadas pelo hábito nivelador de grande parte das escolas.
A maneira mais difundida de aplicar a teoria das inteligências múltiplas é tentar estimular todas as habilidades potenciais dos alunos quando se está ensinando um mesmo conteúdo. As melhores estratégias partem da resolução de problemas. Como descrito por Gardner (1996), não é possível compensar totalmente a desvantagem genética com um ambiente estimulador da habilidade correspondente, mas condições adequadas de aprendizado sempre suscitam alguma resposta positiva do aluno – desde que elas despertem o prazer do aprendizado.
Gardner atribui à escola duas funções essenciais: modelar papéis sociais e transmitir valores. Pela própria natureza de suas descobertas, o seu trabalho favorece uma visão integral de cada indivíduo e a valorização da multiplicidade e da diversidade na sala de aula. Infelizmente, em muitas escolas, ainda prevalece o hábito de valorizar as habilidades relacionadas às artes e aos esportes apenas nas chamadas atividades extracurriculares, não fazendo com que estas atividades sejam trabalhadas de maneira interdisciplinar, o que iria enriquecer o processo ensino/aprendizagem.
Esses pensadores concordam que a música é um dos principais recursos didáticos que devem ser utilizados no sistema educacional, pois o ritmo é um elemento ativo que favorece as atividades de expressão e criação.
A música no contexto histórico da educação infantil vem atendendo a vários propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos traduzidos em canções para lavar as mãos, antes do lanche, memorização de conteúdos, números e letras entre outros.
Dessa forma a música faz parte do cotidiano de todas as pessoas, da cultura dessas pessoas, pois todos vivem rodeados de sons intercalados com silêncios. Os silêncios tornam significativos esses sons, na medida das experiências e da interação de cada um com o meio.
4.1- A linguagem musical e a educação infantil
A linguagem musical está presente no cotidiano das pessoas e faz parte da educação de crianças e adultos há muito tempo. Desde o nascimento, a criança entra em contato com ritmos como, por exemplo, o tic-tac do relógio, andar das pessoas, batidas do coração, pingos de chuva, etc. Assim quando vai para a escola a criança entra em contato com o ensino da linguagem musical através das cantigas e da expressão corporal.
No dizer de Lovisaro (1999) a iniciação musical contribui para o desenvolvimento da coordenação viso motora, imitação de sons e gestos, atenção e concentração, linguagem e raciocínio. E cabe ao professor favorecer estes momentos, pois são fundamentais para a construção da personalidade do aluno e para a sua compreensão da realidade da qual ele faz parte.
Para Rosa (1990), a simples atividade de cantar uma música proporciona a criança o treinamento de uma série de aptidões importantes, pois através de uma simples música a criança estará adquirindo conhecimentos e desenvolvendo-se de forma psicológica e cognitiva, e tudo isso a ajudará no processo ensino/aprendizagem.
A música é importante, desde a infância, pois desperta na criança a ludicidade, a socialização, inteligência, coordenação motora, expressão, percepção sonora e espacial. Do ponto de vista de Gardner (1996), crianças autistas extremamente pertubadas e que evitam o contato interpessoal e que às vezes nem falam, possuem capacidades musicais incomuns. Isso acontece, talvez, porque a música é tão primariamente hereditária que não precisa de muita estimulação externa, ou simplesmente porque a “a música é melhor que a linguagem” e é utilizada como ferramenta para suscitar sentimentos e emoções Daniel Livtin (2007).
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) muitas instituições de ensino encontram dificuldades para integrar a linguagem musical ao contexto educacional, mostrando a defasagem existente entre o trabalho realizado na área da música e nas demais áreas do conhecimento. É importante que haja a integração dos conteúdos para que a linguagem musical não fique fragmentada. É necessário que a escola perceba a importância de desenvolver todos os conteúdos usando a linguagem musical, desta forma estará desenvolvendo todas as áreas do conhecimento.
Na visão de Gainza (1988) a linguagem musical é aquilo que conseguimos conscientizar ou aprender a partir da experiência. A música é uma linguagem muito expressiva e as canções são veículos de emoções e sentimentos, podendo fazer com que a criança reconheça nelas seu próprio sentir. Desta forma a música contribui de maneira sistemática e significativa com o processo integral do desenvolvimento de ser humano.

5. A música como auxiliar do currículo escolar contribuindo na fixação da aprendizagem e incentivadora do civismo.

O uso da música como recurso para a incentivação constitui redundância, pois que ela atende de imediato a uma série de necessidades da criança, devido à necessidade de atividade e repouso que a ela se constitui - Música é alternância de movimento e repouso. A criança tem necessidade de ser aceita pelo grupo e de contribuir para as realizações deste - o que é de fácil alcance com as atividades musicais, uma vez que sempre se desenvolvem em grupo.
A fixação é essencial no processo da aprendizagem, uma vez que é necessário reter a noção aprendida. A melhor forma de fixação é a repetição motivada, o que se consegue com vantagens através da música.
O prazer que a música proporciona à criança faz das canções, com conteúdo de linguagem, matemática, estudos sociais e ciências, valioso meio de fixação.
A música por estar intimamente ligada à emoção é um dos veículos que servem ao civismo. Desde as simples canções folclóricas, passando pelas músicas despretensiosas que propiciam a formação de atitudes de amor ao que é nosso e à nossa terra, até as marchas e hinos pátrios há uma imensa variedade de excelente material incentivador do civismo.
É importante lembrar que civismo não é sinônimo de patriotismo. Entende-se por civismo a atitude de responsabilidade e de cumprimento do dever, de respeito ao próximo, de colaboração com a comunidade, de defesa da pátria, num amplo sentido, enfim de vários hábitos, atitudes, ideais que definem o homem consciente em si, de seus semelhantes e da comunidade em que vive.
Não se pode ensinar civismo, mas sim despertar este sentimento através da vivência na escola, onde o professor deve ser o primeiro exemplo e do qual depende também a formação cívica da criança.


5.1- Objetivos do ensino de música de acordo com a Lei nº 11.769, sancionada em 18 de agosto.

A música contribui para a formação integral do indivíduo, reverencia os valores culturais, difunde o senso estético, promove a sociabilidade e a expressividade, introduz o sentido de parceria e cooperação, e auxilia o desenvolvimento motor, pois trabalha com a sincronia de movimentos", explica Sonia Regina Albano de Lima, diretora regional da Associação Brasileira de Ensino Musical, (ABEM) e diretora dos cursos de graduação e pós-graduação lato sensu em Música e Educação Musical da FMCG (Faculdade de Música Carlos Gomes). O trabalho com música desenvolve as habilidades físico-cinestésica, espacial, lógico-matemática, verbal e musical. "Ao entrar em contato com a música, zonas importantes do corpo físico e psíquico são acionadas - os sentidos, as emoções e a própria mente. “Por meio da música, a criança expressa emoções que não consegue expressar com palavras”, completa.
A música não será uma disciplina exclusiva. Ela integrará o ensino de Arte.Será formada uma equipe interdisciplinar e nela haverá um professor de música e cada escola terá autonomia para decidir como incluir esse conteúdo de acordo com seu projeto Político Pedagógico.

6- A música na escola e a melhora do desempenho dos alunos
A música é uma poderosa aliada na educação e um forte estímulo para o aprendizado, pois ela além de ajudar no raciocínio lógico matemático, contribui para a compreensão da linguagem e comunicação, melhorando o relacionamento social e aprimorando outras habilidades.
A pedagoga Maria Lúcia Cruz Suzigan, especialista no ensino de música para crianças diz “a música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como escrita e a oral. É como se tornássemos o nosso hardware mais poderoso” (citada na Revista Nova Escola – junho/2004).
Pesquisas citadas no Diário de São Paulo e Revistas: Nova Escola e do Professor, revelam que a utilização da música, desde as séries iniciais, em várias escolas do país contribuem de maneira significativa para o desempenho positivo dos alunos e também ajuda a diminuir a evasão escolar e a agressividade destes alunos.
6.1- Depoimentos
São Paulo – a diretora Marli Simacek, de 48 anos se surpreende ao ver a banda dos alunos em ação. A surpresa maior não vem das notas musicais, e sim da mudança de comportamento à frente dos instrumentos.
Escola Municipal de Ensino fundamental (EMEF), zona Norte de São Paulo “É da água para o vinho, agente até usa postura (na banda) para tentar mais disciplina dentro da class”- diz a diretora. Um estudo que se propôs a medir o impacto da música na educação de crianças aponta na mesma direção, testemunha a diretora. “E vai mais além de uma iniciação musical, pode influenciar também o rendimento escolar”.
Na periferia de São Paulo, a violência e falta de comunicação dificulta o trabalho dos professores e diretores. A música dá uma alternativa (de comunicação) a crianças arredias a qualquer ordem. Elas vão bater no tambor com as outras, diz Flávio Comim, Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e consultor do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Comim fez um diagnóstico recente de Núcleos musicais em escolas públicas de oito cidades brasileiras. O trabalho foi encomendado pela TIM, que formou oficinas de introdução à música nesses locais. Foram avaliadas 8 mil crianças. Metade participava do programa e a outra não. O índice de qualidade da educação construído por Comim comparou nos dois grupos, o desenvolvimento cognitivo espacial, que ajuda em questões de lógica matemática, que auxilia alunos na compreensão de textos e o relacionamento interpessoal dos alunos. As crianças revelaram um comportamento agressivo. Nos núcleos de iniciação musical houve resultados melhores.
EEPG Professora Judith Bezerra de Mello, em Natal - Rio Grande do Norte. O Professor Expedito Cardoso de Araújo em seu depoimento destaca que foi com uso de canções na maioria composta por ele mesmo, e uma criativa técnica interdisciplinar que conseguiu entusiasmar duas turmas de quarta série. Zerou a evasão, a repetência e os problemas de aprendizagem de quase cinqüenta alunos.
Elvira de Souza Lima, pesquisadora em desenvolvimento humano e orientação dos programas de ensino musical das prefeituras de Blumenau (SC), Coronel Fabiano (MG) e Guarulhos São Paulo, revela que a música não pode ficar restrita a eventos como festas e datas marcantes, mas deve ser uma prática diária.
Eliane de Souza Galvão, professora de música em trabalho voluntário na Escola Municipal Jardim América IV e Igreja Batista no Setor 10 em Águas lindas, revela sobre o testemunho das próprias crianças o quanto melhoraram no rendimento escolar, depois que começaram a aprender música.
Todos estes depoimentos revelam que a arte musical é um instrumento que a escola não deve abrir mão, pois ela poderá contribuir de maneira significativa para o processo ensino/aprendizagem, despertando nos alunos a possibilidade de crescimento social, intelectual e cultural.
7. Considerações Finais
A música está presente em diferentes épocas e nas diversas situações da vida humana, e seu conhecimento ainda é bastante complexo, por isso, a necessidade de sua sistematização, como proposta curricular pedagógica, na educação formal.
Todos os aspectos do desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor estão intimamente interligados, e a música também é um fator importante no desenvolvimento cognitivo e afetivo, que deve ter o mesmo tratamento de outros conteúdos.
Apesar de existir algumas dificuldades que vão desde a falta de formação específica, dos professores, até a falta de recursos para trabalhar a musicalidade de maneira adequada a cada faixa etária, conclui-se que a escola pode e deve trabalhar a música em todas as áreas da educação, associando-a com temas específicos e de maneira interdisciplinar. Tudo isso exige do professor habilidades e competências para criar situações que levem os alunos a construírem os seus próprios conhecimentos.
8. Referências Bibliográficas

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1980.
BRASIL, MEC. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF. 1998.
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMTEC. 2002.
COSTA, Niobe Marques. Música na escola primária. Rio de Janeiro: Olympio. 1969.
ESCOLA, Revista Nova. Edição Especial. Junho de 1997 e julho de 2004.
FAUSTINI, João Wilson. Música e adoração. São Paulo: Metodista. 1973.
GAINZA, V. H. D. Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo: Summus. 1998.
GARDNER, H. Mentes que criam. Trad. Maria Adriana Veríssimo. Porto Alegre: Artes Médicas. 1996.
JORNAL, Diário de São Paulo. Publicado em 23 de março de 2008.
LOVISARO, Martha. Educação Psicomotora na Pré-Escola. Rio de Janeiro: Moderna, 1999.
PROFESSOR, Revista. Edição julho/setembro de 2004.
ROSA, N. S. S. Educação musical para pré-escola. São Paulo: Ática. 1990.
VEJA, Revista. Reportagem Especial. Ed. Janeiro de 1997.
WWW.abril.com.educar para crescer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário