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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

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O CURRÍCULO E AS NOVAS TECNOLOGIAS COMO PROCESSO DE INTERAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO COTIDIANO DA ESCOLA

Joana Gláucia dos Santos[1] joanaglaucias@gmail.com
RESUMO
O cotidiano da escola pode ser muito mais rico e dinâmico se houver políticas públicas que invistam nas Novas Tecnologias Educativas. É evidente que não adianta mandar computadores para as escolas sem que aja um trabalho, ou seja, programa para formação dos professores, alunos e todo trabalhador da escola. As novas tecnologias já fazem parte da história de vida da maioria das pessoas e a educação sistematizada deve se adaptar a essa realidade, caso contrário ficará à margem dos interesses sociais e, portanto, será mais difícil lidar com a formação dos educados. Como foi dito anteriormente é necessário que os educadores passem a discutir e pensar educação nessa nova perspectiva e na qualidade dos meios de comunicação e informação como instrumento para transformação e oportunização da educação. Para isso, deve-se iniciar a discussão do currículo escolar e do planejamento pedagógico para essa nova era.

Palavras-chave: Currículo, Novas Tecnologias, Interação e Comunicação.

As Novas Tecnologias no cotidiano escolar

Este estudo pretende analisar as novas tecnologias no cotidiano escolar destacando o perfil do educador diante do processo de reestruturação das práticas pedagógicas e o papel dos meios tecnológicos como ferramenta de mudança na dimensão de uma educação voltada para formação cidadã. Faz-se necessário refletir sobre as propostas curriculares vigentes e as propostas curriculares necessárias para a perspectiva da educação a distância e, ainda, desenvolver estudo sobre as novas tecnologias no cotidiano escolar.
Pensar em educação na atual sociedade consiste em percebê-la no seu processo de mudança e de interação com o mundo. O cotidiano da escola pode ser muito mais rico e dinâmico se houver políticas públicas que invistam nas Novas Tecnologias educativas. Não somente ofertando às escolas máquinas que na maioria dos casos ficam jogadas e empoeiradas por falta de uso e, ainda, por falta de quem as manipulem, mas oferecendo condições pedagógicas que propiciem melhores qualidades para uma educação que oportunize mais igualdade e dignidade para todos.
É evidente que não adianta mandar computadores para as escolas sem que aja um trabalho, ou seja, programa para formação dos professores, alunos e todo trabalhador da escola.
Grinspun (2001, p. 25) afirma que:
Educação no mundo de hoje tende a ser tecnológico, o que, por sua vez, vai exigir o entendimento e interpretação de tecnologias. Como as tecnologias são complexas e práticas ao que remete mesmo tempo, elas estão a exigir uma nova formação do homem que remeta à reflexão e compreensão do meio em que ele se circunscreve.
As experiências que se tem em escolas que fazem bons usos das novas tecnologias são as melhores. Às vezes, a escola tem apenas um profissional que entende de informática e este se dispõe a fazer um trabalho coletivo ensinando um maior número de pessoas a fazer pesquisas, estruturar trabalhos, enfim, usar os meios tecnológicos como aliado da educação.
Infelizmente há muita rejeição em relação à mudança, principalmente, quando se trata de informação tecnológica. Santos (2002) afirma que “(...) os professores encontram grande dificuldade em assumir as novas propostas curriculares, em função de sua trajetória escolar, de sua formação profissional e também de suas representações e concepções acerca da escola e do currículo” (p.139). Como dito anteriormente a autora só reforça as considerações afirmadas antes.
Grinspun (2001, p. 25) afirma que:
No processo educacional, o que se pretende alcançar é que o indivíduo seja capaz de obter conhecimentos, construí-los através de uma atitude reflexiva e questionadora sobre os mesmos junto a essas questões relacionadas ao conhecimento, o processo educacional trabalha a dimensão dos sentimentos, da afetividade e da criatividade. O indivíduo não só aprende com a educação, como também se posiciona frente aos fatos e à realidade que existe dentro e fora dele. Essa atitude e esse pensamento críticos constituem o que se pode denominar de uma atitude filosófica em relação a sua própria identidade e às situações que o circundam. Em termos de uma educação para viver a era tecnológica, há que se pensar sobre valores subjacentes ao indivíduo, que pode criar, usar, transformar as tecnologias, mas não pode se ausentar, nem desconhecer os perigos, desafios e desconfortos que a própria tecnologia pode acarretar.
Trabalhar com os meios tecnológicos não é possível sem que haja uma proposta curricular adequada, um processo de formação e treinamento para que se possa aprender usar o computador como ferramenta educativa e, além disso, é necessário trabalhar com projetos educacionais. Não há dúvidas que o rendimento escolar é grandioso, no entanto, é preciso compreender as dificuldades que os professores e todas as escolas têm e, ainda, entender o porquê da rejeição.
É importante que se faça um trabalho com toda comunidade escolar em que haja significado nessa nova visão educativa, caso contrário todo e qualquer aparelho tecnológico que a escola dispõe ficará guardado em uma sala escura. Percebe-se que há necessidade de mudança de atitude de todo corpo docente e administrativo para que possam motivar os alunos a aprender com o uso das tecnologias.
Conforme Santos (2002, p.139),
[...] um dos grandes problemas enfrentados pelos docentes diz respeito à seleção e organização do conteúdo curricular que desafiam a cultura escolar estabelecida, bem como sua formação e as condições de trabalho docente. Também são levantados problemas sobre o que deve ser realmente modificado nas práticas curriculares com vistas a uma educação mais democrática e sintonizada com demandas sociais e sobre aquilo que vem sendo imposto à escola acriticamente, buscando apenas sua inserção na chamada cultura contemporânea..
As novas tecnologias podem ser usadas como ferramenta que auxilia nesse processo. Para que isso seja possível conta-se com o desejo de mudança da comunidade escolar. É preciso que se procure discutir sobre a construção de uma nova proposta curricular que torne a escola democrática e autônoma e que possa contar com a participação de todos os que estão envolvidos naquela comunidade: pais, representantes sindicais, representantes dos moradores de bairro, poder público, conselhos de classe, conselho escolar, conselho municipal de educação, professores, alunos, diretoria, pessoal administrativo e auxiliar, voluntários e outros que queiram contribuir para o desenvolvimento da escola buscando no seu interior uma nova dimensão para educação e tecnologia.
Grinspun (2001, p.25) afirma que:
Uma sociedade tecnologizada é, antes de tudo, uma sociedade com toda sua trama de relações sociais. A tecnologia oferece recursos e avanços, mas impõe determinadas normas e regras; nasce uma nova ética nessas relações. Estou ciente da complexidade da questão, mas estou comprometida como educadora em trabalhar... Naquela formação e termos da aquisição e desenvolvimento de saberes e competências, atitudes e valores, razões e emoções, necessários ao indivíduo que já está a um passo do novo século. Quero ajudar na formação do cidadão para que este viva o seu tempo, compreenda as causas da exclusão social e lute para que ela diminua ou acabe pelo menos pela via da educação e da escola.
Não se está dizendo, neste espaço, que é um processo fácil. O que se pretende afirmar é que o processo de qualidade na educação e o uso das novas tecnologias educativas são possíveis e realizáveis. Sabe-se que muitos entraves acabam dificultando o trabalho, no entanto, é fato que nada na educação é fácil. Pelo contrário é difícil e muito trabalhoso.
Segundo Santos (2002) os problemas enfrentados pelos professores em relação ao currículo são: a organização disciplinar, concepção universalista ou multiculturalista do currículo e os objetivos da educação. É preciso, então, definir essas questões para poder melhorar a qualidade do ensino e, ainda, poder manter o aluno na escola. O que não é impossível desde que se busque adequar o sentido de educar com o significado de estar no mundo e de estar preparado para o mundo, portanto, a escola não pode ignorar essas mudanças. Pelo contrário tem a função de se adequar à nova realidade. O ensino a distância pode ajudar muito no processo de qualificação de educação e informação porque dá oportunidade aqueles que não têm acesso aos bancos escolares por diversos motivos.
A escola tem também a função de preparar o homem para assumir sua cidadania, tornando-se uma pessoa crítica, consciente de seus direitos e deveres e construtores de sua própria história. Santos (2002, p.147) afirma que:
[...] com o objetivo de se garantir o interesse e permanência dos estudantes na escola, têm sido implementadas reformas curriculares cujo objetivo é tornar a educação mais sintonizada com a realidade do mundo contemporâneo e com a cultura das crianças e dos jovens. Nesse contexto, tem sido debatida, não apenas a importância do uso da televisão e do computador pela escola, como também a necessidade de preparar os estudantes para se tornarem consumidores críticos desses artefatos. Além disso, a expansão do sistema público de ensino, em nosso país, coloca a questão da educação a distância (baseada nesses meios) na ordem do dia, tanto para formação de jovens e adultos quanto para a atualização e a qualificação de docentes.
Sabe-se que toda mudança traz ansiedade e expectativas. Na escola não é diferente. Os meios de comunicação e informação e o ensino a distância deixa o corpo docente ansioso e preocupado porque se exige que a escola se adapte e, para isso, é necessário que tenha uma equipe de profissionais especializados para essas novas implantações, ou seja, é necessário planejamento, organização e estrutura. Embora essas sejam características inerentes ao educador, elas devem ser adequadas a uma realidade desconhecida pelo mesmo.
Santos (2002, p.148) afirma que “O professor deve sentir-se ameaçado diante de um material que tecnicamente parece bem superior aos recursos por ele produzidos e terminam por colocar em questão sua própria competência profissional”.
Os professores têm costume de enfrentar situações inusitadas, portanto, conseguem encarar e se adaptar a mudanças. A questão é como essa mudança chegam até eles. Se houver um trabalho harmonizado possível de realizar o professor saberá compreender e se colocar como agente transformador.
Grinspun (2001, p. 25) afirma que:
Passo agora a tratar das categorias que englobam a educação tecnológica numa perspectiva mais pedagógica, na tentativa de oferecer uma proposta nova para a sociedade contemporânea. Para isso é preciso considerar os seguintes pontos: o conceito de educação dentro de um paradigma da modernidade ou pós-modernidade e, portanto, uma educação que esteja consoante com o seu tempo, partindo-se pressuposto que a tecnologia já faz parte dessa modernidade. O que se observa nesta modernidade é que a construção do conhecimento tem como base a razão subjetiva, isto é, a construção parte do próprio indivíduo pela sua natureza sensível e racional.
É nesta perspectiva educacional que a escola contemporânea navega. O educador tem importante papel na formação de seus educandos e um deles é contribuir para que cada indivíduo construa sua história, busque seus conhecimentos necessários a sua prática e em conseqüência disso contribua para formação de um mundo novo e melhor para todos onde as pessoas se respeitem, tenham oportunidades iguais de estudo e mercado de trabalho e a exclusão social seja coisa do passado. É por esta perspectiva pedagógica da escola que se luta no seu cotidiano.
Santos (2002, p. 148) defende a proposta de que o currículo deve proporcionar diferentes elementos de produção aos estudantes, para isso, afirma:
[...] a inclusão dos saberes práticos, da produção científica, dos produtos da mídia e da informática, dos filmes, das peças de teatro, das obras literárias, bem como dos diferentes artefatos e da produção artística das mais diferentes culturas. Significa também a formação de valores éticos, de pensamento crítico e d senso prático, além da consciência sobre o corpo; inclui também a capacidade de resolver problemas, participar da vida social e política, encontrar formas de realização pessoal no mundo do trabalho e no lazer. Assim, o currículo deverá trabalhar as mais diferentes expressões da cultura humana, através de atividades bem planejadas, que privilegiam a produção e a criatividade do estudante.
Como foi dito anteriormente é necessário que os educadores passem a discutir e pensar educação nessa nova perspectiva e na qualidade dos meios de comunicação e informação como instrumento para transformação e oportunização da educação. Para isso, deve-se iniciar a discussão do currículo escolar e do planejamento pedagógico para essa nova era. A educação virtual já é uma realidade na escola e se dá como processo de socialização, informação e até mesmo motivação para a aprendizagem.
Não se está afirmando que a escola tem que mudar todo seu processo ensino-aprendizagem. O que se defende é que a mesma passe a se adaptar à realidade que a sociedade exige e que seja de um cidadão global e plural. A escola, com certeza, pode contribuir muito para esse perfil de homem novo.
As novas tecnologias já fazem parte da história de vida da maioria das pessoas e a educação sistematizada deve se adaptar a essa realidade, caso contrário ficará à margem dos interesses sociais e, portanto, será mais difícil lidar com a formação dos educados.
É imperativo que a escola passe a trabalhar com a idéia de inclusão midiática e introduza em seu currículo programas que estimulem a participação dos educandos nas novas tecnologias da comunicação e informação.

REFERÊNCIAS
BURLAMAQUI, Marco (2006). Mídias utilizadas em EAD. Pós-Graduação em Educação a Distância. Brasília: CEAD/UnB.
GRINSPUN, Mirian P. S. (2001). Educação Tecnológica: desafios e perspectivas. 2. ed. São Paulo: Cortez.
LEVY, Pierre (2000). Cibercultura. 2. ed. São Paulo: Editora 34.
SANTOS, Lucíola Licínio C. P. (2002). Relação entre os processos pedagógicos, os sujeitos e a tecnologia. in: SOUZA, Vanilto Camilo de. Políticas organizativas e curriculares, educação inclusiva e formação de professores (org.). Rio de Janeiro: DP&A.
[1] Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Bioética e em Educação a Distância pela Universidade de Brasília e Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília e especialista em Planejamento Educacional. Professora do CESB e da Universidade Estadual de Goiás. Trabalha com formação de professores desde 1992. .

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