terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A concepção do currículo e a formação permanente do professor nas séries iniciais em uma escola da rede oficial do município de Valparaíso de Goiás

A concepção do currículo e a formação permanente do professor nas séries iniciais em uma escola da rede oficial do município de Valparaíso de Goiás

Antonia Nivanilda Alencar

Francisca Alves Carneiro

Márcia Sampaio Xavier

Professora orientadora Joana Gláucia dos Santos

Resumo

Este artigo tem por finalidade tecer considerações acerca dos resultados obtidos com as pesquisas e as entrevistas sobre currículo e formação permanente do professor nas séries iniciais durante o ano de 2005 a 2008 nas escolas municipais do Valparaíso de Goiás, bem como entender as possibilidades de aprendizagem significativa da diversidade social, cultural de nossa sociedade dentro do curriculo. O estudo concluiu que o currículo dá sustentação ao professor, e que existem programas de formação permanente que servem para dar fundamentação ao trabalho com alunos das séries iniciais.

Palavras-Chave: Currículo, Formação permanente, séries iniciais, educação.

1. Introdução

O presente estudo trata-se de uma análise da concepção curricular e da formação permanente do professor nas séries iniciais, visando uma reflexão sobre as propostas em vigor e a necessidade de uma formação permanente devido às demandas ocorridas no município de Valparaíso de Goiás por parte da sociedade em face às transformações sociais, culturais e econômicas.
A tradição escolar sempre apresentou as teorias do currículo como algo isolado, algo sem significações que pudessem contribuir para o desenvolvimento intelectual do aluno.
O currículo era considerado uma seriação de conteúdos. Hoje se forma a partir das necessidades e passa a ser definido por situações vividas pelo aluno dentro e fora da escola. É preciso que o professor passe a discutir, e busque conhecer, e entender o currículo como uma prática contínua, procurar fundamentar suas práticas em teorias que lhe dê a possibilidade de promover uma educação de qualidade nas séries iniciais.
Conforme Moreira (2001, p. 84),
Buscaremos, nesta seção, localizar as sementes do campo do currículo em algumas das reformas efetuadas pelos pioneiros. Concentrar-nos-emos, devido a seu caráter inovador, nas reformas ocorridas na década de 20 na Bahia, em Minas Gerais e no Distrito Federal, nas quais sugestões referentes à organização de currículos e programas podem ser encontradas. Tais sugestões constituíram, em nosso país, o primeiro esforço de sistematização do processo curricular.

Desde a década de 20, o currículo vem se modificando para atender a demanda dos alunos e facilitar a vida dos mesmos.
Azevedo (1971, p. 23) afirma que:
A reforma tem sido considerada a mais revolucionária e sofisticada das promovidas nos anos vinte já a do antigo Distrito Federal, em 1927, elaborada por Fernando de Azevedo. Segundo ele, pretendeu modernizar o sistema escolar e organizá-lo de acordo com princípios filosóficos coerentes... A reforma foi, na opinião de seu autor, profunda, radical e em consonância com uma civilização industrial, tendo levado em consideração as metas de uma sociedade moderna e as necessidades reais do país, bem como procurado lidar com assuntos técnicos de forma consistente com uma nova concepção de vida e cultura.

Essa reforma foi feita visando os princípios filosóficos, procurando reconhecer as necessidades da sociedade e do país. Embora sendo radical, pois levavam em conta as metas de uma sociedade industrial.

2. O currículo nas séries iniciais em uma escola de Valparaíso de Goiás

O currículo já causou e ainda causa várias discussões em todo o mundo, por está em constante adaptação com a realidade. Hoje temos uma pluralidade de currículos ilimitados e bem mais atrativos para envolver os alunos nas atividades práticas do cotidiano escolar.
Como se vê o currículo tem vários significados, é impar que o educador compreenda a realidade de cada sociedade e lute para melhorar a prática, para se ter acesso ao conhecimento e poder transmitir com facilidade as metodologias propostas pela instituição.
Sacristán (2000, p. 371) afirma que:
O currículo é uma práxis antes que um objeto estático emanado de um modelo coerente de pensar a educação ou as aprendizagens necessárias das crianças e dos jovens, que tampouco se esgota na parte explícita do projeto de socialização cultural nas escolas. ... É uma prática que se expressa em comportamentos práticos diversos.

Sabe-se que o currículo se fundamenta na prática e explica-se o sucesso e o fracasso escolar dependendo das necessidades de cada criança. Arroyo (2001 p. 63) afirma que “A centralidade que a questão do currículo adquire hoje nas discussões não vem de fora, desses ou daqueles autores, dessa ou daquela corrente teórica, vem, sim, da dinâmica política e cultural de nossa sociedade”.
Renovar o currículo, modernizar as maneiras de ensinar, mudar as estratégias de avaliação adaptar a realidade de cada lugar é tarefa de todo um conjunto da instituição juntamente com a sociedade. Arroyo (2001, p. 64) afirma que “O currículo deve centrar-se em atividades, projetos e problemas, antes de tudo, ser extraído das atividades naturais da humanidade”. A afirmação do autor reforça as considerações anteriores.
Conforme o currículo da proposta pedagógica, de uma Escola Municipal de Valparíso de Goiás, que é uma instituição de ensino público vinculada à Secretaria Municipal de Educação.
Em conformidade com o Parecer CNE/18/2005 Seção II Dos Currículos e Programas Artigo 74. “O curriculo pleno possui uma Base Nacional Comum formada por áreas e uma parte diversificada para atender as diferenças individuais dos alunos e as peculiaridades locais, e os planos da escola, segundo a legislação vigente”.
É desenvolvido de forma dinâmica visando possibilitar aprendizagens realmente significativas. Nessa escola reformulou-se o currículo visando à adequação da educação ministrada aos preceitos da Lei nº. 9394/96, às Diretrizes Curriculares Nacionais emanadas do Conselho Nacional de Educação – CNE e à observância aos Parâmetros Curriculares Nacionais, estabelecidos pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC para nortear a ação educativa em todo o país.
A escola promove o seu curriculo voltado para o desenvolvimento de habilidades e competências, seguindo princípios éticos e morais.
O curriculo da educação infantil, conforme Lei nº. 26/98 Art. 40, deve levar em conta, na sua concepção e implementação, o desenvolvimento biopsíquico da criança e a diversidade social e cultural das populações infantis.
Dentro do espírito de integração vertical do desenvolvimento do curriculo, os alunos de 1º ao 5º anos precisam adquirir habilidades e competências que lhes possibilitem o prosseguimento de estudo de 6º ao 9º com sucesso.

3. Formação permanente do professor

Nas últimas décadas, em decorrência, das mudanças sociais, econômicas e culturais, o mundo todo tem prestado mais atenção na educação, principalmente a que se desenvolve nos sistemas escolares. Submetendo-a uma análise pública constante. Nesse contexto, as questões relativas à atuação e a formação docente estão no centro de amplas discussões com o intuito de melhorar a cada dia a qualidade do ensino através da formação. Sacristán (1990, p. 46) afirma que “A formação de educadores tem se constituído em ‘uma das pedras angulares’ imprescindíveis a qualquer intento de renovação do sistema educativo”. O que ajuda a entender o quanto o tema é importante para melhorar a qualidade do ensino. É na sua formação que o professor se prepara para dar conta das várias atividades que abrangem o seu campo profissional.
Em seu cotidiano os professores precisam modificar suas práticas em virtude das circunstâncias de cada momento em sala de aula. Portanto o professor deve está sempre em processo de autoformação seja em cursos de reciclagem ou interagindo com colegas ou lendo obras do sistema educacional procurar está sempre bem informado sobre tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, como política, economia, sociedade, tecnologia e educação investindo na própria educação.
Monteiro (2002, p. 35) afirma que:
A interatividade e dialogia entre professores consolidam suas ‘práticassaberes’, configurando os ‘espaçotempos’ de formação mútua e continuada. [...] Pensar a formação continuada da professora nessas lógicas do cotidiano implica repensar a noção de espaço e de tempo dos saberes desses profissionais; assumir as multiplicidades de linguagens, valores e lógicas enredadas nesse universo cotidiano; participar da complexidade dinâmica da realidade vivida nesses espaçotempos dos professores, assumirem as conexões estabelecidas por esses nós produzidos nessa rede de significados; e, sobretudo, buscar novas formas de interação com esses sujeitos que produzem a sua própria pesquisa, às vezes solitariamente, às vezes de forma compartilhada, para, na inserção dessa realidade, valorizar os que inventam o cotidiano nosso de cada dia.
A sociedade cobra do professor que este precisa aprender a conviver mais com os interesses e pensamentos dos alunos e pais no ambiente escolar, tendo que interagir também com a comunidade que participa da escola com a responsabilidade de dar respostas positivas à comunidade.
O professor tem sido chamado a participar e a tomar decisões, ser mais ativo, não pode mais ser um profissional isolado, tendo agora que conviver com colegas discutir projetos coletivos, com o intuito de melhorar a essência do próprio trabalho, com melhor qualidade.

4. Formação permanente do professor em Valparaíso de Goiás

A formação permanente do professor é uma saída possível para melhorar a qualidade do ensino, produzir uma reflexão sobre suas práticas e discutir a importância dessa reflexão para o desempenho profissional.
Já existe em Valparaíso um projeto financiado pelo Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola), é um programa do Ministério da Educação, cofinanciado pelo BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento) e elaborado em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação. Estabelece um conjunto de ações para o ensino público fundamental regular. Os professores do Valparaíso participarão dos programas de gestão da aprendizagem escolar (gestar) e outros programas que também são financiados pelo Fundescola.
O gestar destina-se a professores que atuam nas áreas de Matemática e Língua Portuguesa. E o Programa de Formação Continuada de Apoio à Leitura e a Escrita (PRALER), é um programa semipresencial, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (SEED), na modalidade de educação à distância, que utiliza material impresso para o estudo individual e coletivo de professores e formadores do ensino fundamental das escolas públicas.
O objetivo é oferecer um curso de formação continuada aos professores das séries iniciais, complementando as ações já desenvolvidas pelas Secretarias de Educação Municipais e do Estado, assim como, propiciar fundamentação teórica que respalde a prática e as experiências pedagógicas realizadas para a melhoria da alfabetização dos alunos. É voltado para docentes que necessitam aperfeiçoar seus conhecimentos em alfabetização e letramento. A metodologia dos três programas é semipresencial, aliando estudo individual, estudos em grupo e prática em sala de aula.
O gestar tem duração prevista de nove meses, o PRALER pode ser realizado em cinco meses. Existem as oficinas quinzenais que são aulas presenciais, com poucas vagas para os docentes. Todos esses programas não são métodos, mas uma fundamentação que serve para trabalhar com alunos das séries iniciais. Para o professor é uma reflexão sobre sua prática e descobrir uma maneira de ensinar.

5. O currículo e a formação do professor nas séries iniciais
Os municípios que mantém escolas próprias podem também, como entes federativos, oferecer orientações curriculares específicas às suas redes de ensino. Os mais desenvolvidos e com recursos humanos mais qualificados tem também aprimorado a capacidade de sistematizar suas orientações sobre currículo.
Os professores passam a dar palpites no momento de planejar e elaborar propostas para que sintam comprometidos e adaptem à realidade específica de sua escola e do seu município.
O professor não deve se abster de estudar, o prazer pelo estudo e a leitura deve ser evidente, senão não irá conseguir passar esse gosto para seus alunos. Snyders em entrevista dada à Lourdes Stamato de Camilles, PUC/SP, 1990. “O professor que não aprende com prazer não ensinará com prazer”. Não se pode achar que a formação do professor é a única interferência decisiva para melhorar a educação. Mas é considerada muito significativa como uma política de intervenção da realidade educacional.
Através de entrevista feita a professores de uma escola de educação infantil da Rede Municipal de Valparaíso de Goiás, constata-se que o currículo foi elaborado pela equipe pedagógica da Secretaria de Educação que também oferece aos professores a formação permanente duas vezes por ano curso de formação onde são convidados alguns palestrantes para ministrar sobre temas atuais na educação. Há também a formação contínua onde uma pessoa passa na escola oferecendo suporte aos professores.
O professor usa a individualidade de cada aluno e procura adaptar o currículo à realidade econômica, social e cultural onde o mesmo se encontra.

6. Considerações finais
O estudo concluiu que o currículo dá sustentação ao professor com uma grande implicação para o aprendizado do aluno, e que também existem programas de formação continuada que servem para dar fundamentação ao trabalho com alunos das séries iniciais melhorando a qualidade da educação.


7. Referências

BARRETO, Elba Siqueira de Sá. Os currículos do ensino fundamental para as escolas brasileiras (org.). Campinas, SP: Autores Associados, 2000.

FERRAÇO, Carlos Eduardo. Cotidiano escolar, formação de professores (as) e currículo. (org.). Volume 6. São Paulo: Cortez, 2005.

MOREIRA, Antonio Flávio B. Currículos e Programas no Brasil. 8. ed., Campinas, SP: Papírus, 1990.

MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa. Currículo: Políticas e Práticas. 4 ed., Campinas, SP: Papírus, 1999.

MOREIRA, Antonio Flávio B. & SILVA, Tomás Tadeu da. Currículo, Cultura e Sociedade (orgs.). 5. ed., São Paulo: Cortez, 2001.

SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo, uma reflexão sobre a prática. 3. ed., Porto Alegre, RS: Art Med, 2000.

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