terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A indisciplina no cotidiano escolar

A indisciplina no cotidiano escolar
Andréa Amoêdo de Víctor Coutinho¹
Mariza Arante²
Joana Gláucia dos Santos³

¹ Graduanda do curso de Pedagogia pelo ICSH – Instituto de Ciências Sociais e Humanas, Email: andreaamoedo@hotmail.com.
² Graduanda do curso de Pedagogia pelo ICSH – Instituto de Ciências Sociais e Humanas, Email: marizaarante@gmail.com.
³ Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará, Especialista em: Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília, Bioética pela Universidade de Brasília, Educação à Distância pela Universidade de Brasília, Planejamento Educacional e Orientação Educacional. Professora universitária desde 1992. Atualmente leciona no Centro de Ensino Superior do Brasil, faculdades Anhanguera e Universidade Estadual de Goiás (UEG), Email: joanaglaucias @gmail.com.

RESUMO: este artigo aborda uma reflexão sobre a indisciplina no cotidiano escolar nos dias atuais, que tem sido vista como problema, como desvio das normas existentes nas instituições escolares e que torna a prática educacional inviável. Associada à desordem, ao desrespeito a regras de conduta e a falta de limites, a indisciplina é quase sempre focada no aluno, fazendo com que as questões existentes no cotidiano escolar sejam tratadas de forma individual. Inicialmente será conceituado o que é indisciplina, a seguir, algumas das suas causas. Destacando a prevenção como estratégia mais adequada para enfrentar o problema.
PALAVRAS-CHAVE: Indisciplina, cotidiano escolar, prevenção, soluções.

1. Introdução
A indisciplina na escola tem sido objeto de preocupação de muitos educadores e pais, pois vem se tornando freqüente na realidade de muitas escolas em todo o país. De acordo com França (1996, pag. 139):
Entende-se o ato indisciplinado como aquele que não está em correspondência com as leis e normas estabelecidas por uma comunidade.

É preciso que os educadores procurem conhecer com mais profundidade sobre o tema para que possa entender que a indisciplina é a transgressão de dois tipos de regras, a primeira é a regra moral que é construída socialmente com base em princípios que visam o bem comum, ou seja, em princípios éticos. Por exemplo, não xingar e não bater são regras que devem ser respeitadas e cumpridas em qualquer lugar ou situação na vida. A segunda são as chamadas regras convencionais, estas são definidas por um grupo e possuem objetivos específicos, por exemplo, o uso do celular em sala de aula ou a conversa em sala de aula. Este tipo de regra também pode variar de escola para escola e de acordo com o momento, muitas vezes o diálogo durante a aula pode não ser considerado indisciplina se o mesmo for referente ao conteúdo que está sendo aplicado naquele momento.
Um dos fatores que contribui bastante para que haja indisciplina nas escolas é a concepção equivocada por parte das escolas sobre as causas da indisciplina e as formas de lidar com ela, elaborando regimentos que pouco colaboram para manter o bom funcionamento da instituição e o clima necessário à aprendizagem em sala de aula.

2. Sem a ajuda de um mediador, o aluno não aprende o valor das regras:
Para que haja convívio social é preciso construir, reavaliar e respeitar as regras, isto não significa que os conflitos deixarão de existir no convívio social e especificamente no contexto escolar.
O professor precisa aprender a lidar com esses conflitos para que haja um desempenho melhor em seu trabalho, compreendendo que ensinar o aluno a se portar diante dos colegas e outras pessoas faz parte também do dever docente. Muitos professores esperam que essa formação moral seja feita somente pela família, mas é preciso enxergar o espaço escolar como um lugar ideal para que ocorra as relações interpessoais e que as questões ligadas à moral e a vida em grupo devem ser tratadas como conteúdos de ensino.

3. Em vez de agir sobre as conseqüências, procurar a causa:
Saber como o aluno desenvolve-se moralmente é essencial para encontrar as raízes da indisciplina. Para que a criança entenda o porquê ela deve agir corretamente é preciso que haja um relacionamento entre criança e adulto baseado na cooperação e no entendimento do que é aceito ou não dentro das regras.
A atuação docente inadequada em sala de aula é outra causa da indisciplina. Muitos professores não sabem como agir diante de situações que os levam a perder o controle. De acordo com Vichessi (Nova Escola, 2009, pág. 81):
A autoridade do professor perante a classe só é conquistada quando ele domina o conteúdo e sabe lançar mão de estratégias eficientes para ensiná-los.

Metodologia criativa, diálogo, respeito mútuo, ouvir e ser ouvido, são estratégias que podem ajudar a solucionar casos de indisciplina. Muitas vezes o aluno procura fazer outras coisas porque as aulas são reduzidas ao ato de transcrever o conteúdo do quadro para o caderno, fazendo com que as aulas tornem-se entediantes. É preciso deixar que a sala de aula seja um espaço de criação, de criatividade e de conhecimento. Todo esse trabalho exige auto-reflexão e trabalho em equipe.
Reconhecer que a metodologia utilizada não está dando certo e que é preciso rever conceitos, mudança de postura da parte dos educadores, segundo Zagury (2007, pág. 84):
Em geral, o aluno se torna indisciplinado quando pára de aprender, ou está desmotivado e por isso se torna indisciplinado. Portanto, podemos considerar que, se ambos forem solucionados, quase metade dos problemas do professor estariam resolvidos.

4. Conquistar autoridade com o saber e o respeito ao aluno:
O papel do professor na construção é conhecer como se dá a aprendizagem e com base nessa compreensão, planejar as aulas, além de ter segurança sobre o conteúdo a ser trabalhado, esse é um dos principais recursos utilizados pelo professor para manter a disciplina e chegar ao objetivo principal que é fazer com que todos aprendam.
Outra medida a ser utilizada pelo professor para manter a disciplina em sala é diversificar a metodologia utilizada, pois nos dias atuais o aluno possui acesso aos meios tecnológicos fora do âmbito escolar, e essas ferramentas acabam tornando-se mais interessantes que as aulas. Esse é um fator de grande relevância, de acordo com Zagury (2007, pág. 206):

Quando recursos modernos, atraentes e adequados do ponto de vista pedagógico são disponibilizados nas escolas, o professor utiliza, e muito. Ele, mais do que ninguém, tem consciência de que, quanto mais variada e plena de recursos é a aula, maior o interesse dos alunos e, conseqüentemente, maior a aprendizagem e menor a indisciplina.

5. Ter como objetivo a construção de um ambiente cooperativo:
Construir um ambiente cooperativo em que os alunos tenham voz, sejam respeitados e aprendam a respeitar, além de ser um fator importante para manter a disciplina melhora a qualidade das relações interpessoais entre alunos e professores.
Este ambiente é construído através do diálogo com os alunos, do afeto e interesse por eles, além da sinceridade e do prazer de estar realizando este trabalho junto com eles. Segundo Morales (1998, pág. 56):
Sem paz interior não se pode aprender nada de modo significativo.

Esse ambiente de segurança, de paz é necessário para que o aluno consiga internalizar o que está aprendendo, sentindo-se livre no sentido de não ter medo de errar e aprender com seus erros.

6. Incentivar e respeitar a autonomia do aluno:
Os problemas de indisciplina na sala de aula podem estar relacionados a uma maneira de chamar a atenção do professor para fazer as coisas de jeito diferente.
É preciso proporcionar autonomia ao aluno para que se torne apto para tomar decisões responsáveis. Eles necessitam de referências e de orientações, portanto, é importante que na escola haja uma explicação sobre as regras existentes para que os alunos fiquem cientes de porque aquelas regras estão presentes na escola e possam ter uma convivência harmoniosa no contexto escolar.
A escola deve ficar sempre alerta porque o trabalho com a indisciplina não tem fim, mesmo que a equipe escolar esteja bem capacitada, é preciso manter o tema vivo, porque a escola está sempre em movimento a cada ano ocorrem mudanças de professores e alunos e diferentes casos de indisciplina vão continuar aparecendo.
























REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ZAGURY, Tania – O professor refém: para pais e professores entenderem por que fracassa a educação no Brasil/Tania Zagury – 8ª Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2007.
MORALES, Pedro – A relação professor-aluno: o que é, como se faz/Pedro Morales – 4ª edição: março de 2003, Edições Loyola, São Paulo, Brasil 1999.
Nova Escola: a revista de quem educa editora: Abril, ano XXIV, nº 226 – Outubro de 2009.

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